http://www.proec.ufg.br/conexoesdesaberes/fiquesabendo.php
Encontro, que ocorrerá no Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa), no Câmpus Samambaia, tem como tema as “Articulações entre o Popular e o Científico: 2 anos de Conexões de Saberes na UFG”. As inscrições são gratuitas.
Entre os dias 09 e 10 de abril (quarta e quinta-feira), o auditório do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa-UFG) será palco de palestras, debates, mesas-redondas e oficinas do III Seminário Local do Programa Conexões de Saberes. Este ano o tema aborda as “Articulações entre o Popular e o Científico: 2 anos de Conexões de Saberes na UFG”.
Nacionalmente, o Programa Conexões de Saberes - diálogos entre Universidade e Comunidades Populares - teve início em 2004 e atualmente abrange 34 universidades públicas de todo o país. Seu objetivo não é apenas facilitar as articulações entre a universidade e as comunidades populares, mas proporcionar uma troca de conhecimentos entre ambos.
Dessa forma, a participação no seminário é aberta para toda a comunidade e será oferecido certificado de horas complementares. As inscrições são gratuitas e realizadas na entrada do evento.
PROGRAMAÇÃO:
Dia 09 (quarta-feira)
8h – Abertura e apresentação musical do grupo Vidas Secas
9h – Mesa Saberes Populares, Saberes Científicos
Composição:
Denise Botelho (UnB), Tânia Rezende (FL–UFG) e Ivanilde Batista (ANEPS)
11h – Apresentação do Vídeo Vox Populi (Direção: Renato Cirino e Renato Rodrigues)
14h – Apresentação da peça teatral Julgamento do Mérito
(Equipe de teatro Conexões de Saberes UFG)
14h30 – Mesa Capoeira e Hip Hop: Manifestações da Cultura Negra
Composição: Claudinho (Movimento Hip Hop) e mestre Guaraná (Capoeira)
15h30 – 17h – Oficinas
Dia 10 (quinta-feira)
8h30 – Apresentação do Caminhadas (Equipe de teatro Conexões de Saberes UFG)
9h – Mesa 2 anos de Conexões de Saberes na UFG.
11h – Apresentação do Vídeo Conexões de Saberes
14h – Mesa Fórum dos Estudantes de Origem Popular da UFG: articulações e formação para ações afirmativas
16h – Encerramento e tenda Saberes e Saberes
sábado, 4 de abril de 2009
III Seminário do Conexões de Saberes Goiás 2008
Sobre as dificuldades da articulação dos feop’s
Robson Alves – FEOP/CE
Esse texto foi escrito em setembro de 2008 para a lista do Conexões Ceará, quando tentávamos uma rearticulação do FEOP/CE. Foi uma resposta ao companheiro de FEOP, Dieric Abreu, que, como eu, estava angustiado com as dificuldades para rearticular o FEOP/CE. Resolvi adaptar o texto para compartilhar com os companheiros de todo Brasil. Penso que as dificuldades encontradas na articulação dos FEOP’s são similares e que devemos, o mais rápido possível, prosseguir no debate sobre a organização dos FEOP’s. É uma visão particular, sujeita a críticas, obviamente, e que deve ser problematizada.
Interessados no FEOP-CE (e especialmente Dieric),
Hoje estou com fôlego, espero que estejam também. Demorei um pouco pra escrever e gostaria que lessem.
Primeiramente gostaria de pedir desculpas pelas ausências nas últimas reuniões. Os motivos são os mesmos: dificuldades financeiras e o horário das reuniões que chocam com outros fazeres que tenho.
Reafirmo o meu compromisso com o FEOP por acreditar na importância deste para a luta, não só dentro do ambiente acadêmico, mas em todos os outros espaços que envolvam a causa estudantil comprometida com uma real transformação na sociedade.
Continuo ainda sem poder ter dito isso com clareza nas reuniões, acreditando que o FEOP deve localmente e nacionalmente incorporar ações mais contundentes nas suas pautas. Ir além do discurso de acesso e permanência na universidade que é mínimo se comparado aos anseios gerais dos estudantes. Não minimizo aqui as ações já realizadas nesse sentido pelo FEOP local e nacional, pelo contrário acredito que foi essencial a caminhada até aqui, pois além de dar o ponta-pé inicial mostraram que o caminho não é fácil, mas que precisa ser trilhado.
Em conversa com o Dieric, ele me passou alguns informes do que tinha sido as reuniões anteriores. Fiquei contente com o que escutei, mas por ora, gostaria de dizer sobre o que penso acerca das dificuldades que estamos enfrentando na rearticulação do FEOP-CE. Penso que as dificuldades que encontramos hoje revelam muito de uma realidade mais ampla. E pior, as dificuldades encontradas são as mesmas para qualquer organização desse tipo – que se destina à luta política. Não é uma especificidade do FEOP.
Historicamente, penso que o último século do capitalismo foi responsável pela naturalização em nossas mentes de coisas que nunca deveríamos ter perdido. E uma delas, a que nos interessa aqui: a politização das pessoas, deixando cada vez mais o poder nas mãos daqueles que estão em cima, queiramos chamar de ricos, burgueses, ou termo similar.
Fizera acreditar que a solução dos problemas seria resolvida por um Estado, pelas eleições, por um parlamento, “única forma de mudar o quadro atual” (como nos diz a nossa grande mídia – já viram as últimas propagandas do governo sobre o assunto?). Fizera acreditar que deveria existir pessoas específicas para cuidar dos nossos assuntos (políticos profissionais), ou seja, terceirizar o nosso trabalho político. Fizera acreditar que devemos esperar por estes, mesmo que demore, para resolver até o mínimo dos problemas, “afinal eles são os únicos que podem resolver não é mesmo?”.
Não fica evidente para a maioria das pessoas, mas há uma coisa que muito me constrange. Como acreditar que essas coisas são possíveis se aqueles (políticos) que estamos esperando não têm os mesmos objetivos que nós? Em outras palavras, como esperar políticas que visem a melhoria das classes populares por pessoas que não são das classes populares? Para mim, me parece óbvio que aqueles que possuem direitos não querem perder e, nesse sentido, não podemos esperar por aqueles que já o possuem. “Igualar as coisas” não deve ser mais que discurso se vindo de pessoas que tudo tem. Não é altruísmo demais? Acreditar no discurso de igualdade daqueles que estão “por cima” é pura ingenuidade.
Para quem acredita no Estado como regulador da sociedade gostaria de dizer que, até onde sei, nunca houve nada decidido por eleições. Pelo menos no que diz respeito a grandes mudanças. Tudo que é feito pelo Estado é feito dentro de um limite aceitável e tolerável. Aceitável por quem? Por aqueles que o regem, e não por nós, como aprendemos na escola desde criancinha. Quem diz que o Estado somos nós, o povo, o somatório de todos os indivíduos, a meu ver, está no mínimo equivocado uns 300 anos atrás – pelo menos o que lembro, essa teoria é do século XVII. O dia-a-dia nos mostra que o “nosso” aparelho administrativo tem dono e que, se quisermos algo dele, não será pedindo com boa vontade, com jeitinho, com eleições...
Também gostaria de dizer, que parte de nossa despolitização foi causada pela chamada “esquerda”. Durante um bom tempo aprendemos sobre a Guerra Fria – ainda hoje está assim no livro didático – e lembra quem eram os atores da Guerra? Nos diziam: União Soviética e EUA. O primeiro representando o “socialismo” e o segundo o capitalismo. Final da História: vitória do capitalismo. A prova de quem é o melhor estava dada.
Ora, pra começar diria que o que existia na União Soviética, a meu ver está longe de ser socialismo e deveria ter desmoronado há muito tempo. Durou demasiadamente. Matou demais. Torturou como nunca. E, por fim, manchou o nome Socialismo. Como confundir os horrores da União Soviética com socialismo? Não sou marxista, tenho críticas do começo ao fim do marxismo, mas acho que Marx, aquele que melhor sistematizou o capitalismo e vislumbrou uma outra sociedade, está se mexendo no túmulo cada vez que são ditas tais coisas, e olha que não são poucas as vezes.
Mas para voltar ao assunto, o que queria dizer era que foi gerado um certo ranço e medo em relação ao nome socialismo, à politização, à organizações que contestam a realidade, ao apreço pelo coletivo já que o fundamento de nossa sociedade é o individualismo (poderia ficar listando outras coisas) ...
Enfim, os problemas são grandes!
Grandes demais!
Qual é a saída? O que fazer para as pessoas pensarem mais sobre essa realidade? Para as pessoas tomarem partido ao invés de serem tomadas pelos Partidos? Isso diz muito sobre nossa tarefa. As pessoas só se movimentam quando sentem necessidade, quando se sentem lesadas por alguém. Como fazer para que as pessoas vejam que estão sendo lesadas, no sentido de prejudicadas, todos os dias, sob todas as formas e que é necessário mudar a rota do nosso caminho?
É esse o problema que o FEOP enfrenta no momento, dificuldade até para unir aqueles que teoricamente deveriam ser os mais interessados por esta causa, afinal chegaram até a faculdade com baita esforço. Ou aceitam que chegou a universidade porque é um vencedor/a, porque é o/a melhor, porque fez por merecer – e aí eu digo que você é um/a grande liberal e que poderia ser pré-candidato/a pelo PT ou DEMO; ou aceitam que chegou com grande esforço e que não deveria ser assim, porque deveria ser normal entrar na universidade e, logo, por questão de ética, deve tomar parte, inclusive política, para modificar o que você acha errado. Assumindo que esse grande esforço foi causado por um sistema meritocrático característicos dos dias contemporâneos.
Imagine agora amigas e amigos, o que fazer para chamar ao nosso encontro aquelas/es que não estão diretamente ligadas/os a este tipo de discussão. Aquelas/es que nem se identificam com o nome Origem Popular, ou mesmo que nunca ouviram falar nesse termo. FEOP, pra quê? Isso é problema pra político rapaz! Ora, é isso que vamos escutar.
Quando acusadas/os de sonhadoras/es, espero que não desanimem. Sabemos que o que vemos é real. A nossa crítica não é abstrata. Podemos chamar qualquer um/a para mostrar em qualquer esquina dessa cidade que as contradições sociais existem, que são evidentes. Agora, se você acha essas contradições justas ou não, se acha que é natural, que sempre existiu e sempre existirá, se vai fazer algo pra reverter esse quadro ou não, isso é um problema seu, mas que tem conseqüências coletivas.
Àqueles acomodados/as, gostaria de dizer que quando a questão é social, quando detectamos as diferenças existentes nessa sociedade, quando sabemos existir ricos e pobres, não podemos ficar em cima do muro. Afinal, como diria alguns companheiros libertários desta terra, “quem fica em cima do muro, está do lado do dono do muro” (precisa dizer quem é o dono?).
Um obrigado do tamanho do mundo pra quem leu até o fim!
Um Abraço bem grande!
Robson Alves – UFC
Revisão por Danilo – Fneop
Acessem o blog feop.blogspot.com
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Plano Nacional de Extensão e Lei de Estágio
Brasil 2000 / 2001
Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras e SESu / MEC
"Numa sociedade cuja quantidade e qualidade de vida assenta emconfigurações cada vez mais complexas de saberes, a legitimidade dauniversidade só será cumprida quando as actividades, hoje ditas deextensão, se aprofundarem tanto que desapareçam enquanto tais epassem a ser parte integrante das actividades de investigação e de ensino."
SANTOS, Boaventura de Souza.
----
Olá amigas e amigos. Desculpem o sumiço depois da reunião de Brasília sobre o Edital 2009 do Conexões e a Portaria que regulamenta a extensão. Mas aqui estamos.
Ainda não li, mas saiu como sugestão, enre outras coisas, a análise o Plano Nacional de Extensão e a Lei do Estágio.
Então pessoal, mãos à obra. Todas/os com a leitura garantida.
Estou terminando o relatório da reunião e em breve envio.
abraços e beijos
danilo, ufs
fneop
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Educação aprova número máximo de alunos em sala de aula
Educação aprova número máximo de alunos em sala de aula
12/11/2007
http://www2.camara.gov.br/comissoes/cec/educacao-aprova-numero-maximo-de-alunos-em-sala-de-aula
A Comissão de Educação e Cultura aprovou na última quarta-feira (7) substitutivo aos projetos de lei 597/07, do deputado Jorginho Maluly (DEM-SP), e 720/07, do deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), que estabelece limite máximo de 25 alunos por professor, durante os cinco primeiros anos do ensino fundamental; e de 35, nos quatro anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. A proposta altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB - Lei 9.394/96), que atualmente não especifica o número exato de alunos por professor em sala de aula.
Já nas creches, a relação será entre o número de crianças por faixa etária e adultos. Dessa forma, serão cinco crianças de até 1 ano por adulto; oito crianças de 1 a 2 anos por adulto; 13 crianças de 2 a 3 anos por adulto; 15 alunos de 3 a 4 anos por professor, na creche ou pré-escola; e 25 alunos de 4 a 5 anos por professor na pré-escola.
O substitutivo foi apresentado pelo relator, deputado Ivan Valente (Psol-SP). As escolas terão um prazo de três anos, após a aprovação da lei, para se adaptar a essa norma.
Trabalho pedagógico
O texto aprovado também inclui pelo menos quatro horas de efetivo trabalho pedagógico na jornada escolar na rede pública de educação básica, nas etapas de pré-escola, ensino fundamental e ensino médio. O período de permanência na escola será ampliado progressivamente, a critério dos sistemas de ensino.
O atendimento escolar em tempo integral também deverá prever reforço escolar e atividades em outros espaços de aprendizagem além da sala de aula, inclusive práticas desportivas e artísticas. Ressalva-se apenas os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas na LDB.
Qualidade do ensino
O relator salienta que a relação entre o número de alunos e professor por sala em cada etapa da educação básica é um dos fatores determinantes para se garantir qualidade de ensino.
Ivan Valente observa que a implantação do Fundef estabeleceu relação contábil garantindo repasse de recursos de acordo com o número de matrículas. Ele destaca ainda que a adoção de políticas públicas, diante da demanda da sociedade pelo direito à educação, buscou atender a outras exigências impostas pelos organismos internacionais, em detrimento da ampliação dos investimentos na área educacional e da expansão do ensino público de qualidade.
Na sua avaliação, certos representantes do poder público têm sido tentados a acentuar os aspectos meramente quantitativos em detrimento dos qualitativos, emergindo com força o fenômeno da superlotação de salas de aula. "Na mesma medida em que se demite em massa profissionais da educação, em nome da 'racionalização de custos', do 'enxugamento da máquina', na ausência de um dispositivo legal descura-se da adequada relação que deve existir entre professor/ número de alunos."
Tramitação
O projeto ainda será analisado em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Reportagem - Newton Araújo Jr.
Edição - Francisco Brandão
Agência Câmara
Tel. (61) 3216.1851/3216.1852
Fax. (61) 3216.1856
E-mail:agencia@camara.gov.br
SR
Proposta à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
Social Ministério da Educação
Proposta à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
1. A razão da proposta: cenário atual
Parte-se aqui, portanto, do reconhecimento da necessidade, importância e legitimidade do vestibular. O que se quer discutir são os potenciais ganhos de um processo unificado de seleção, e a possibilidade concreta de que essa nova prova única acene para a reestruturação de currículos no ensino médio.
Ainda que o vestibular tradicional cumpra satisfatoriamente o papel de selecionar os melhores candidatos para cada um dos cursos, dentre os inscritos, ele traz implícitos inconvenientes. Um deles é a descentralização dos processos seletivos, que, por um lado, limita o pleito e favorece candidatos com maior poder aquisitivo, capazes de diversificar suas opções na disputa por uma das vagas oferecidas. Por outro lado, restringe a capacidade de recrutamento pelas IFES, desfavorecendo aquelas localizadas em centros menores.
Outra característica do vestibular tradicional, ainda que involuntária, é a maneira como ele acaba por orientar o currículo do ensino médio.
A alternativa à descentralização dos processos seria, então, a unificação da seleção às vagas das IFES por meio de uma única prova. A racionalização da disputa por essas vagas, de forma a democratizar a participação nos processos de seleção para vagas em diferentes regiões do país, é uma responsabilidade social tanto do Ministério da Educação quanto das instituições de ensino superior, em especial as IFES. Da mesma forma, a influência dos vestibulares tradicionais nos conteúdos ministrados no ensino médio também deve ser objeto de reflexão.
1.1 Democratização das oportunidades de concorrência às vagas federais de ensino superior
Exames descentralizados favorecem aqueles estudantes com mais condições de se deslocar pelo país, a fim de diversificar as oportunidades de acesso às vagas em instituições federais nas diferentes regiões. A centralização do processo seletivo nas IFES pode torná-lo mais isonômico em relação ao mérito dos participantes.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2007 (Pnad/IBGE) mostram que, de todos os estudantes matriculados no primeiro ano do ensino superior, apenas 0,04% residem no estado onde estudam há menos de um ano. Isso significa que é muito baixa a mobilidade entre estudantes nas diferentes unidades da Federação. Ainda que o Brasil seja um país com altas taxas de migração interna, isso não se verifica na educação superior.
Para efeito de comparação, nos Estados Unidos aproximadamente 20% dos estudantes cruzam as fronteiras estaduais para ingressar nas instituições de sua escolha. As estatísticas do National Center for Education Statistics apontam que, em 1998, 19,2% dos estudantes ingressaram em colleges ou universidades americanas fora de seu estado de origem.
Reestruturar o Enem para utilizá-lo como prova unificada evidencia o papel que o exame já cumpre. Afinal, ao longo de onze edições, a procura pelo Enem subiu de 150 mil para mais de 4 milhões de inscritos, sendo que mais de 70% dos participantes afirmam que fazem a prova com o objetivo maior de chegar à faculdade.
1.2 Novo Enem como instrumento de indução da reestruturação dos currículos do ensino médio
A nova prova do Enem traria a possibilidade concreta do estabelecimento de uma relação positiva entre o ensino médio e o ensino superior, por meio de um debate focado nas diretrizes da prova. Nesse contexto, a proposta do Ministério da Educação é um chamamento. Um chamamento às IFES para que assumam necessário papel, como entidades autônomas, de protagonistas no processo de repensar o ensino médio, discutindo a relação entre conteúdos exigidos para ingresso na educação superior e habilidades que seriam fundamentais, tanto para o desempenho acadêmico futuro, quanto para a formação humana.
Um exame nacional unificado, desenvolvido com base numa concepção de prova focada em habilidades e conteúdos mais relevantes, passaria a ser importante instrumento de política educacional, na medida em que sinalizaria concretamente para o ensino médio orientações curriculares expressas de modo claro, intencional e articulado para cada área de conhecimento.
2. Requisitos da proposta
A proposta é que o Exame Nacional do Ensino Médio – Enem seja utilizado pelas instituições de ensino superior para subsidiar seus processos seletivos. No intuito de viabilizar a utilização de seus resultados para tal finalidade, o Inep/MEC propõe uma reestruturação metodológica do exame, que seria aplicado no mês de outubro e cujos resultados consolidados seriam entregues no início do mês de janeiro.
A nova prova seria estruturada a partir de uma matriz de habilidades e um conjunto de conteúdos associados a elas. A proposta inicial para a matriz de habilidades seria similar às diretrizes que hoje compõem o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos, o Encceja. Assim, o novo exame seria composto por quatro testes, um por cada área do conhecimento, a saber: (i) Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (incluindo redação); (ii) Ciências Humanas e suas Tecnologias; (iii) Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e (iv) Matemática e suas Tecnologias. Esta estrutura aproximaria o exame das Diretrizes Curriculares Nacionais e dos currículos praticados nas escolas, mas sem abandonar o modelo de avaliação centrado nas competências e habilidades. Em relação ao conjunto de conteúdos, este seria construído em parceria com a comunidade acadêmica, neste caso específico, as IFES.
Cada um dos quatro testes seria composto por aproximadamente 50 itens de múltipla escolha, totalizando 200. Metade deles seria administrada em um primeiro dia de aplicação e a outra metade em um segundo, além de uma redação. Essa configuração permitiria ao Enem ter boa precisão na aferição das proficiências.
Um cuidado especial deverá ser tomado quanto à complexidade dos itens que comporão os testes. Tendo por base a finalidade de seleção que o Enem assumirá e uma expectativa de candidatos extremamente preparados, é fundamental que o delineamento dos testes comporte um número razoável de itens de alta complexidade, capaz de discriminar alunos de altíssima proficiência daqueles de alta proficiência. Isso significa que os testes devem ser muito informativos também para a faixa superior da escala.
O cuidado especial com a elaboração de itens e a composição dos testes remete a um planejamento estruturado: (i) itens pautados pela matriz de habilidades e conjunto de conteúdos a elas associados; (ii) itens elaborados e revisados a partir de critérios técnicos e pedagógicos estabelecidos com base empírica e na literatura; e (iii) itens pré-testados, identificando parâmetros estatísticos de discriminação, de dificuldade e de probabilidade de acerto ao acaso.
Quanto à escala, será utilizada a Teoria de Resposta ao Item, sob o modelo logístico de três parâmetros, que permite a comparação de resultados entre diversos ciclos de avaliação. Propõe-se a construção de quatro escalas distintas, uma para cada área do conhecimento. Cada escala será capaz de ordenar os estudantes conforme seu nível de proficiência, sendo possível às IFES estabelecer distintas ponderações ou pontos de corte para seleção de seus candidatos.
Espera-se, assim, que a reestruturação do Enem atenda plenamente à demanda das IFES por um instrumento de alto poder preditivo de desempenho futuro, capaz de diferenciar estudantes em diferentes níveis de proficiência.
O Inep domina a tecnologia de desenvolvimento de testes pela metodologia da TRI, que se caracteriza por medir habilidades de cada indivíduo e pela utilização de itens de prova com diferentes níveis de dificuldade, que permitem identificar o nível de habilidade do alunos a partir do conjunto de itens que ele acerta.
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – Saeb / Prova Brasil, conduzido pelo Inep, já é desenvolvido a partir da metodologia da Teoria de Resposta ao Item – TRI há mais de dez anos. Na aplicação da prova para o ensino médio, ainda que hoje o Saeb foque as disciplinas de língua portuguesa e matemática, em 1997 a prova já avaliou conteúdos de física, química, biologia, história e geografia. Portanto, a tecnologia em avaliação permite que se construa exame que atenda à demanda das IFES, e o Inep possui absoluto know how para conduzir com sucesso esse processo.
Aliar a capacidade técnica do Inep, no que diz respeito à tecnologia educacional para desenvolvimento de exames, à excelência acadêmico-científica das IFES, é de suma importância nesse momento. Trata-se não apenas de agregar funcionalidade a um exame que já se consolidou no País, mas da oportunidade histórica para exercer um protagonismo na busca pela re-significação do ensino médio.
Esplanada dos Ministérios, bloco L, 9º andar, sala 905. CEP 70047-900, Brasília, DF Telefone: (0**61) 2104-8294/8133. Fax: (0**61) 2104-9195 E-mail: imprensa@mec.gov.br