Contudo, desde já é possível reconhecer que neste tripé existe uma séria desigualdade. O ensino e pesquisa são reconhecidos e valorizados, mas e a extensão? Na própria comunidade acadêmica não existe concordância quanto o que seja a extensão. A extensão universitária é uma forma de interação que deve existir entre a universidade e a comunidade na qual está inserida. Funciona como uma via de duas mãos, em que a Universidade leva conhecimentos e/ou assistência à comunidade e recebe dela retornos positivos tais como suas reais necessidades e o saber dessas comunidades. Ocorre, na realidade, uma troca de conhecimentos.
Mas isso é o que deveria ser a extensão universitária, pois a prática tem se mostrado diferente. A prática extensionista tem se realizado numa perspectiva funcionalista, ou seja, suas ações são eventuais, sem continuidade e sem vínculo com ensino e pesquisa. Além de que, apesar da maioria dos docentes considerarem a extensão importante e se dizerem motivados, poucos participam. E por quê? Provavelmente os principais problemas da extensão – falta de uma política institucional de extensão, recursos financeiros limitados, desvinculação entre essa atividade e o ensino, a pesquisa e o currículo – já seja uma sinalização capaz de fundamentar a reflexão. Junto a isso, tanto docentes quanto dirigentes reconhecem que a extensão é vista em geral como uma função desprestigiada, não essencial, recebendo uma carga de preconceitos que a coloca como secundária.
E aqui chegamos num ponto fundamental: a extensão universitária não é regulamentada. E isso traz inúmeros problemas, sendo os principais o não pagamento de bolsa às/aos estudantes extensionistas, às/aos professoras/es coordenadoras/es e o baixo recurso financeiro disponível – o que leva à não realização de ações nas comunidades ou a uma intervenção deficitária. Apesar de existir um projeto de lei para regulamentar a extensão, este ainda não foi aprovado: está parado por falta de prioridade na agenda do MEC. Neste sentido, é preciso que a ANDIFES, o FORPROEX e a comunidade acadêmica em geral tragam à ordem do dia essa discussão. E isso só acontecerá através de pressão e mobilização.
Destacamos que a extensão se apresenta hoje como a principal forma de preservar e ampliar os laços dos/as estudantes de origem popular com seus territórios de origem. Face a isso, o FNEOP – Fórum Nacional de Estudantes de Origem Popular chama para o mês de Agosto de 2009 uma mobilização em defesa da Lei de Extensão. Através da realização dos Feop locais, do abaixo-assinado virtual e manual e de um Ato buscamos chamar atenção para importância social-acadêmica da Extensão universitária na formação dos/as estudantes e na horizontalização das relações entre universidade e comunidade. Sendo assim, convidamos os demais movimentos se juntarem na luta pela Lei de Extensão fortalecendo a defesa por uma universidade realmente popular e que valorize as comunidades populares e as/os estudantes de origem popular.
Fórum Nacional de Estudantes de Origem Popular, 12 de maio de 2009
feopbrasil@gmail.com / feop.blogspot.com
Referências
Disponível em:
http://www.ecientificocultural.com/ECC2/artigos/oberdan9.html,
acesso em 08/05/09.
Disponível em:
http://www.anped.org.br/reunioes/23/textos/1101T.PDf,
Disponível em:
http://www.anped.org.br/reunioes/23/textos/1101T.PDf,
acesso em 08/05/09.
danilo, feop/se
Um comentário:
Sei que a discussão é de 2009. Mas deixando aqui minhas impressoes sobre a leitura, ressalto a necessidade de falar de remuneração ao extensionista com um aprofundamento maior em relação à
questão financeira!
Porque senão pode ser intepretado que para fazer extensão precisamos de remuneração, e fazemos-a motivada por esse interesse, unicamente!
Deixo aqui minhas inquietaçoes, se o universitario no seu projeto de pesquisa é remunerado, porque, nós, extensionista não recebemos pelas nossas atividades?
Extensão não é por salário e sim compromentimento politico, ideologico!
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